quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O Homem e seu pertencer a grupos

"O grupo precede ao indivíduo, isto é, as origens da formação espontânea de grupos têm suas raízes no grupo primordial, tipo a horda selvagem..."

(W.R.Bion).

Neste breve artigo tentaremos conceitualizar o grupo, analisar os comportamento dos membros do mesmo do início até o consolidamento da estrutura de grupo e enfim abordaremos as categorias de interação no grupo.

CONCEITUAÇÃO DE GRUPO

O ser humano é gregário por natureza e somente existe, ou subsiste, em função de seus inter-relacionamentos grupais. Sempre, desde o nascimento, o indivíduo participa de diferentes grupos, uma constante dialética entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social.

Um conjunto de pessoas constitui um grupo, um conjunto de grupos constitui uma comunidade e um conjunto interativo das comunidades configura uma sociedade.

A importância do conhecimento e a utilização da psicologia grupal decorre justamente do fato de que existe em todo indivíduo passa a maior parte do tempo de sua vida convivendo e interagindo com distintos grupos. Assim, desde o primeiro grupo natural que existe em todas as culturas - a família nuclear, onde o bebê convive com os pais, avós, irmãos, babá, etc., e, a seguir, passando por creches, escolas maternais e bancos escolares, além de inúmeros grupos de formação espontânea e os costumeiros cursinhos paralelos, a criança estabelece vínculos diversificados. Taís grupamentos vão se renovando na vida adulta, com a constituição de novas famílias e de grupos associativos, profissionais, esportivos, sociais, etc.

A essência de todo e qualquer indivíduo consiste no fato dele ser portador de um conjunto de sistemas: desejos, identificações, valores, capacidades, mecanismos defensivos e, sobretudo, necessidades básicas, como a da dependência e a de ser reconhecido pelos outros, com os quais ele é compelido a conviver. Assim, como o mundo interior e o exterior são a continuidade um do outro, da mesma forma o individual e o social não existem separadamente, pelo contrário, eles se diluem, interpenetram, completam e confundem entre si.

Com base nessas premissas, é legítimo afirmar que todo indivíduo é um grupo (na medida em que, no seu mundo interno, um grupo de personagens introjetados, como os pais, irmãos, etc., convivem e interagem entre si). da mesma maneira como todo grupo pode comportar-se como uma individualidade (inclusive podendo adquirir a uniformidade de uma caracterológica específica e típica, o que nos leva muitas vezes a referir determinado grupo como sendo "um grupo obsessivo", ou "atuador ", etc.).

É muito vaga e imprecisa a definição do termo "grupo ", porquanto ele pode designar conceituações muito dispersas num amplo leque de acepções. Assim, a palavra "grupo" tanto define, concretamente, um conjunto de três pessoas ( para muitos autores, uma relação bipessoal já configura um grupo) como também pode conceituar uma família, uma turma ou gangue de formação espontânea; uma composição artificial de grupos como, por exemplo, o de uma classe de aula ou a de um grupo terapêutico; uma fila de ônibus; um auditório; uma torcida num estádio; uma multidão reunida num comício, etc. Da mesma forma, a conceituação de grupo pode se estender até o nível de uma abstração, como seria o caso de um conjunto de pessoas que, compondo uma audiência, esteja sintonizado num mesmo programa de televisão; ou pode abranger uma nação, unificada no simbolismo de um hino ou de uma bandeira, e assim por diante.

Existem, portanto, grupos de todos os tipos, e uma primeira subdivisão que se faz necessária é a que diferencia os grandes grupos ( pertencem à área da macro-sociologia ) dos pequenos grupos ( micropsicologia). No entanto, vale adiantar que, em linhas gerais, os microgrupos - como é o caso de um grupo terapêutico - costumam reproduzir, em miniatura, as características sócio-econômica-políticas e a dinâmica psicológica dos grandes grupos.

Em relação aos microgrupos também se impõe uma necessária distinção entre grupo propriamente dito e agrupamento. Por "agrupamento ‘entendemos um conjunto de pessoas que convive partilhando de um mesmo espaço e que guardam entre si uma certa valência de inter-relacionamento e uma potencialidade em virem a se constituir como um grupo propriamente dito. pode servir de exemplo a situação de uma "serialidade" de pessoas, como no caso de uma fila à espera de um ônibus: essas pessoas compartem um mesmo interesse, apesar de não estar havendo o menor vínculo emocional entre elas, até que um determinado incidente pode modificar toda a configuração grupal. um outro exemplo seria a situação de uma série de pessoas que estão se encaminhando para um congresso científico: elas estão próximas, mas como não se conhecem e não estão interagindo elas não formam mais do que um agrupamento , até que um pouco mais adiante podem participar de uma mesma sala de discussão clínica e se constituírem como um interativo grupo de trabalho. Pode-se dizer que a passagem da condição de um agrupamento para a de um grupo consiste na transformação de "interesses comuns " para a de "interesses em comum ".

O que, então, caracteriza um grupo propriamente dito? Quando o grupo, quer seja de natureza operativa ou terapêutica, preenche as seguintes condições básicas mínimas, está caracterizado

  • Um grupo não é um mero somatório de indivíduos; pelo contrário, ele se constitui como nova entidade, com leis e mecanismos próprios e específicos
  • Todos os integrantes do grupo estão reunidos, face a face, em torno de uma tarefa e de um objetivo comuns ao interesse deles.
  • O tamanho de um grupo não pode exceder o limite que ponha em risco a indispensável preservação da comunicação, tanto visual como a auditiva e a conceitual.
  • Deve haver a instituição de um enquadre ( setting ) e o comprimento das combinações nele feitas. Assim, além de ter os objetivos claramente definido, o grupo deve levar em conta a preservação do espaço ( os dias e o local de féria, etc.), e a combinação de algumas regras e outras variáveis que delimitem e normalizem a atividade grupal proposta.
  • O grupo é uma unidade que se comporta com uma totalidade, e vice-versa, de modo que, tão importante quanto o fato de ele se organizar a serviço de seus membros, é também a recíproca disso. Cabe uma analogia com a relação que existe entre as peças separadas de um quebra-cabeças e deste com o todo a ser armado.
  • Apesar de um grupo se constituir como nova entidade, com uma identidade grupal própria e genuína, é também indispensável que fiquem claramente preservadas, separadamente, as identidades específicas de cada um das indivíduos componentes do grupo.
  • Em todo grupo coexistem duas forças contraditórias permanente em jogo: uma tendente à sua coesão, e a outra, à sua desintegração.
  • A dinâmica grupal de qualquer grupo se processa em dois planos, tal como nos ensinou Bion: um é o da intencionalidade consciente (grupo de trabalho), e o outro é o da interferência de fatores inconscientes (grupos de supostos básico). É claro que, na prática, esses dois planos não são rigidamente estanques, pelo contrário, costuma haver uma certa flutuação e superposição entre eles.
  • É inerente à conceituação de grupo a existência entre os membros de alguma forma de interação afetiva, a qual costuma assumir as mais variadas e múltiplas formas.
  • Nos grupos sempre vai existir uma hierárquica distribuição de posições e de papéis, de distintas modalidades.
  • É inevitável a formação de um campo grupal dinâmico, em que gravitam fantasias, ansiedades, mecanismos defensivos, funções, fenômenos resistências e transferências, etc., além de alguns outros fenômenos que são próprios e específicos dos grupos.

Início de um grupo

As pessoas ao se reunirem, e antes de se configurarem como um grupo, vivem o medo da "aglutinação", experimentam a ansiedade de integrarem-se um grupo desconhecido, sem normas pré-estabelecidas, o espaço está aberto à iniciativas pessoais e grupais.

Nesse momento grupal de aglutinação, as relações interpessoais são superficiais, efêmeras.

A tarefa a ser realizada é a grande motivadora das expectativas, criando condições favoráveis ao estabelecimento de relações vinculares entre os integrantes.

Ao início do grupo, quando o medo da aglutinação não é superado, o que permitiria efetivamente o início do processo grupal, pode surgir o mito da aprendizagem por osmose: as pessoas não precisam se expor, nem investir na comunicação.

Os integrantes tornaram-se membros passivos, sem esforço pessoal. A nutrição vem de fora, e os vínculos entre as pessoas são de dependência, ou de hospitalidade, caracterizando a falta de investimento pessoal, e uma consciência precária da realidade grupal. O estar junto depende mais de circunstâncias acidentais ou externas a cada pessoa. Por exemplo, o chefe mandou, preciso do emprego, etc.

Os integrantes não estão ali porque que fazem algo juntos. Cada um está presente e permanece por razões estritamente individuais. Qualquer indício de ameaça, a esse jeito de estar no grupo, é vivido como perigo, invasão inapropriada e indesejada.

A superação dessa situação inicial, dá lugar ao processo de relações vínculares próprio de um grupo. O processo grupal possuí três situações:

Eu não sou você

É o primeiro indício de que iniciou-se a interação grupal, de que começa a ocorrer a dialética mundo interno-mundo externo entre os integrantes; significa a possibilidade do início de um vínculo de mútua representação interna.

Nesse momento grupal há uma forte defesa do individualismo. Por exemplo, há agressividade nos pedidos e nas exigências. A afirmação da individualidade é em forma de negação. "Ouçam bem" eu não sou você, e nem pretendo ser ...".

O integrantes falam de expectativas pessoais, podendo confrontá-las com os objetivos grupais. Vive-se a rebeldia, pois se de um lado, dependem de alguém fora do grupo, vivendo as necessidades próprias com alto teor de voracidade ( esperando tudo do coordenador, ou de alguém com posição de liderança ), por outro lado, rejeitam o que vem de encontro ao esperado. Por exemplo, não ouvem as dicas do líder externo.

As resistências à mudança estão literalmente no "limite da pele" das pessoas, qualquer olhar, ou qualquer proposta é sentida como oposição, agressão, invasivo desrespeito. os integrantes somam-se uns aos outros. A comunicação vai permitindo alguns elos entre os integrantes. A contradição presente é Sujeito X Grupo.

Esse momento é facilitador do processo grupal, pois as pessoas superam a anterior situação de "não-grupo".

Quando essa situação grupal não é superada, os integrantes passam a viver com o mito do auto-abastecimento: "eu sou genial", "eu posso abastecer o grupo com o que eu produzo". há sabotamento a tudo que pode unificar o grupo. há sabotamento da tarefa, e o grupo geralmente vive hora em pré-tarefa. Há campo propício ao surgimento da lideranças negativas, os líderes de resistência à mudanças: o sabotador - que desvia o grupo da tarefa ( exemplo recente - o apoio de Brizola à Lula no segundo turno das eleições presidenciais - o que Brizola falou não teve coerência com as atitudes que tomou, ou seja, dizia querer Lula na presidência, mas comportou-se de forma a gerar uma reação contrária a essa aparente intenção ).

A relação entre os integrantes são marcadas por forte competição, não havendo papéis complementares.

Eu sou você

É uma situação grupal que nega a anterior. Desenvolve-se meio concomitante ao primeiro momento. A partir das apresentações, os integrantes tomam conhecimento de "quem somos juntos neste grupo". As pessoas começam a superar o narcisismo; começam a partilhar o que fazem, como se chamam, que expectativa trazem.

As resistências à mudança agora não estão nos limites da pele cada um, mas nos limites do grupo: "Somos todos iguais". Não registram diferenças entre si. Por exemplo, todos estão confusos, todos esperam maior clareza da tarefa. Todos partilham as mesmas expectativas. A contradição presente é "grupo X coordenador". Depositam no coordenador as causas dos males que os afligem.

Não havendo superação desta situação, o grupo passa a viver o mito da uniformidade. As diferenças são abolidas pois o grupo teme os confrontos. As pessoas se expressam cuidadosamente evitando agressões e discordâncias. Tal mito pode ser instrumental se facilitar a dialética mundo interno-mundo externo, por tornarem facilitados os vínculos. Mas tornar-se-á um obstáculo se a ralação simbiótica não for superada, impedindo o reconhecimento das diferenças e a partir destas, as semelhanças em torno da tarefa.

Eu sou como você

É o momento de síntese dos anteriores. A primeira negação é superada, e o integrante consegue desenvolver a situação em que "eu sou como você".

Implica em reconhecer as diferenças e as semelhanças. Os vínculos são discriminados, ou seja, há reconhecimento, dos próprios limites, e dos outros.

Há reconhecimento dos integrantes do grupo: conservam a própria identidade, mas ao mesmo tempo: percebem que precisam perder o individualismo e criar uma identidade grupal.

É um momento grupal em que não há mitos; em que não há transferências ( a transferência determina uma distância entre a situação real do grupo e a situação fantasiada pelos integrantes ).

Entre os integrantes a distância é ótima. A fantasia é instrumental permitindo a empatia entre os integrantes. Há menor ansiedades de perda e ataque, permitindo que os integrantes se envolvam os objetivos comuns.

A produção grupal envolve a totalidade de seus membros, conseguindo-se uma permanência grupal mais estável.

CATEGORIAS DE INTERAÇÃO NO GRUPO

R. Bales (1950), em seu clássico estudo sobre o processo de interação, discerniu doze categorias que representam funções de participação num grupo de trabalho, cujo objetivo principal consiste na resolução de problemas.

As categorias distribuem-se em duas áreas de ocorrência: a área de tarefa e a área sócio-emocional. A primeira é considerada neutra e engloba os comportamentos de perguntas e tentativas de respostas. A segunda pode ser positiva ou negativa, conforme as relações emocionais manifestas dos participantes.

A área de tarefa compreende as funções ao nível de interação de conteúdo ou canalização de energia para a consecução dos objetivos comuns do grupo, enquanto a área sócio-emocional compreende as funções de manutenção do próprio grupo.

Os indivíduos no grupo desempenham papéis relacionados às categorias de interação nos dois níveis, tarefa e sócio-emocional. Esses papéis são assumidos formal ou informalmente no curso dos processos de interação. Mesmo quando um papel formal é atribuído a um indivíduo, ele geralmente assume, também, um outro papel informal.

Os papéis assumidos com mais freqüência tendem a caracterizar a atuação do indivíduo no grupo. Assim, ao nível da tarefa, uma pessoa quase sempre inicia as atividades, propõe ou sugere ao grupo maneiras de abordar as tarefas ou cursos de ação, enquanto outra pessoa dinamizará os esforços, estimulando o grupo para melhor qualidade dos resultados, outra ainda ficará mais como observadora etc. Ao nível sócio-emocional, alguns indivíduos aliviarão habilmente as tensões que surgirem, outros mostrarão solidariedade, ou discordância, ou aumentarão as tensões etc.

Os estudos de Bales registram a seguinte distribuição típica de comportamentos de interação dos membro no grupo: cerca de 12% de reações negativas, 25% de reações positivas, 7% de perguntas e 56% de respostas. Este resultado indica, claramente, que a maior parte da interação no grupo é realizada sob forma de respostas sem perguntas equivalentes, isto é, informações, opiniões e sugestões não pedidas. Menos da metade dos comportamentos interativos expressam reações positivas, negativas e perguntas.

Seria interessante comparar esses dados, que se referem a grupos típicos, normais, de universitários norte-americanos para resolução de problemas, como grupos nossos em reuniões de trabalho e verificar até que ponto os participantes também manifestam opiniões (eu acho ..., eu penso..., eu considero... ) e informações não solicitadas com à mesma freqüência, bem como a proporção das outras categorias. O leitor poderia fazer esta observação, empiricamente, sem preocupar-se com o rigor da pesquisa científica, apenas como base introdutória de reflexões pessoais sobre algumas dificuldades existentes no funcionamento e na eficiência de grupos de trabalho.

Interação ao nível de tarefa

Entre os papéis de facilitação da tarefa do grupo podem ser observados os seguintes:

Instrutor/Demonstrador

- Explica conceitos ao grupo, instrui sobre uma área de conhecimentos, traz fatos, dá instruções, apresenta exemplos gráficos, mostra como algo é feito.

Especialista

- Oferece conhecimentos especializados, relata descobertas de pesquisas e inovações.

Orientador

- Ouve cuidadosamente, usa questões de indagação não-condicionadora, utiliza abordagem não-diretiva para ajudar o grupo a pensar nos problemas e na técnica de análise de definição de problemas.

Observador/Confrontador

- Registra processos, comportamentos e eventos, relata e comenta coisas que existem, e como estão sendo feitas, relata dados comportamentais e percepções, dá feedback de sentimentos e impressões, usando episódios, incidentes e casos que podem ser confrontados pelos participantes.

Pesquisador/Indicador

- Elabora modelos para coleta de dados, recomenda fontes ou pessoas para pesquisa, recolhe informações para dados existentes e como as coisas estão sendo feitas, identifica as informações necessárias, as fontes de conhecimento básico necessário, traz o que é necessário para o grupo.

Elemento de ligação

- Elabora procedimentos de conexão entre pessoas e recursos, identifica os pontos de conexão entre sistemas e subsistemas, utiliza processos que interdependência ativa.

Planejador

- Determina metas e objetivos, identifica critérios de desempenho, limites, pressões, determina seqüência de atividades e estratégias de ação consistentes com metas e objetivos.

Gerente

- Determina fluxo sistemático de eventos, aplica modelos de avaliação de necessidades e planejamento, dirige e controla fluxo de recursos.

Diagnosticado

- Usa técnicas de campo de forças e outras, dados e observações sobre o sistema para determinar porque as coisas acontecem da forma como acontecem.

Avaliador

- Determina resultados comportamentais específicos, elabora referências de critérios.

Interação ao nível sócio-emocional

Entre as funções de manutenção do grupo, Benne e Sheats (1961) destacam as seguintes como construtivas ou facilitadoras.

Conciliador

- Busca um denominador comum; quando em conflito, aceita rever sua posição e acompanhar o grupo para não chegar a impasses.

Mediador

- Resolve as divergências entre os membros, alivia as tensões nos momentos mais difíceis através de brincadeiras oportunas.

Animador

- Demonstra afeto e solidariedade aos outros membros do grupo, bem como compressão e aceitação de outros pontos de vista, idéias e sugestões, concordando, recomendando e elogiando as contribuições dos outros.

Ouvinte interessado

- Acompanha atentamente a atividade do grupo e aceita as idéias dos outros, servindo de auditório e apoio nas discussões do grupo.

Papéis não construtivos

Em todos os grupos em funcionamento seus membros podem desempenhar, eventualmente, alguns papéis não construtivos, dificultando a tarefa do grupo, criando obstáculos e canalizando energias para atividades e comportamentos não conducentes aos objetivos comuns do grupo. Estes papéis correspondem a necessidades individualistas, motivações de cunho pessoal, ou a problemas de personalidade, ou até, muitas vezes, decorrem de falhas de estruturação ou da dinâmica do próprio grupo.

Entre esses papéis não-construtivos figuram os que seguem.

O dominador

- Procura afirmar sua autoridade ou superioridade dando ordens incisivas, interrompendo os demais, manipulando o grupo ou alguns membros, sob forma de adulação, afirmação de status superior etc.

O dependente

- Busca ajudar, sob forma de simpatia dos outros membros do grupo, mostrando insegurança, autodepreciação, carência de apoio.

O agressivo

- Ataca o grupo ou o assunto tratado, fazendo ironia ou brincadeiras agressivas, mostra desaprovação dos valores, atos e sentimentos dos outros.

O vaidoso

- Procura chamar a atenção sobre sua pessoa de várias maneiras, contando realizações pessoais e agindo de forma diferente, para afirmar sua superioridade e vantagens em relação aos outros.

O reivindicador

- Manifesta-se como porta-voz de outros, de subgrupos ou classes revelando seus verdadeiros interesses pessoais.

O confessante

- Usa o grupo como platéia ou assistência para expressar seus sentimentos, suas preocupações pessoais ou sua filosofia, que nada têm a ver com a disposição ou orientação do grupo na situação-momento.

O "gozador"

- Aparentemente agradável, evidência, entretanto, seu completo afastamento do grupo, podendo exibir atitudes cínicas, desagradáveis, indiferente à preocupação e ao trabalho do grupo através de poses estudadas de espectador, que se diverte com as dificuldades e os esforços dos outros.

A classificação de papéis funcionais no grupo em construtivos e não construtivos, conforme o esquema apresentado, não pode ser rigidamente aplicada. Um determinado papel desempenhado por um membro não pode ser julgado em termos absolutos, pois a interação não se faz no vácuo. Um papel facilitará ou inibirá as atividades e o desenvolvimento do grupo, sendo, portanto, construtivo ou não construtivo, a depender das necessidades do grupo e de seus membros naquela ocasião específica.

Assim, por exemplo, embora na classificação os esforços para harmonizar e reconciliar divergências entre membros figurem como tipicamente facilitadores ou construtivos, haverá ocasiões na vida do grupo em que a descoberta e a eclosão dos conflitos latentes, para posterior tentativa e possibilidade de resolução dos mesmos, sejam altamente desejáveis. Os comportamentos de conciliação seriam inibidores do desenvolvimento do grupo e, por conseguinte, papéis não construtivos nessa circunstância.

A competência interpessoal dos membros do grupo é desenvolvida à medida que eles se conscientizam da variedade de papéis exigidos para o desempenho global do grupo e se sensibilizam para o que é mais apropriado às necessidades existenciais do grupo e de seus membros num determinado momento da vida do grupo.

Bibliografia:

MEDEIROS, João Bosco "Redação cientifica : a prática de fichamentos, resumos, resenhas /Jõao Bosco Medeiro - 3. ed. - São Paulo : Atlas 1997.

ZIMERMAN, D.E., Osorio, L.C. et al. "Como trabalhamos com grupos."Porto Alegre: ArtesMédicas, 1997.

MOSCOVICI, F. "Desenvolvimento interpessoal."Rio de Janeiro: José Olympo, 1998.

GAYOTTO, Maria Leonor Cunha Conformação dos mitos grupais: Início de um gupo. Instituto Pichon-Riviére, Centro de Estudos dos Fenomenos Grupais: Familia, Instituição, Comunidade. 1988.

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