quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O Expressionismo


Introdução

Difícil, até impossível é entender realmente o movimento expressionista sem conhecer a visão do mundo alemã. Sem duvida tanto o romantismo quanto o expressionismo são os dois movimentos artísticos que mais refletem e impersonificam e o supra-sumo da cultura alemã. Longe de afirmar que estes movimentos sejam exclusividade do povo alemão eles refletem respectivamente a passionalidade e a inquietação espiritual deste povo.


Características gerais do movimento expressionista

O movimento expressionista nasce na Alemanha por volta da 1905 seguindo a tendência de pintores do final do século XIX, como Cézanne, Gauguin, van Gogh e Matisse, a fundação nesta data da sociedade dos artistas Die Brücke (A Ponte) marcou o início de uma nova forma de arte que se diferencia do fauvisme francês, principalmente no que se refere à sua emoção social.

Duas características podem ser consideradas fundamentais no movimento expressionista:

1ª A reação contra o passado, o expressionismo não reage apenas contra este ou aquele movimento, contra o naturalismo ou os vários movimentos vigentes na Alemanha na época mas reage, sem mais, contra todo o passado; é o primeiro movimento cultural que deve ser compreendido, antes de mais nada, por uma rebelião contra a totalidade dos padrões, dos valores do ocidente. A arte cessa de gravitar em torno de valores absolutos.

2ª Sem duvida temos uma filiação do expressionismo com o romantismo. A diferença fundamental é que no expressionismo o confessado não é de ninguém , o autobiográfico não tem rosto, a arte não manifesta a subjetividade de um Beethoven, pois, bem ao contrario, diz algo que em última análise releva do impessoal.

Neste ponto, a grande influência vem sem dúvida de Freud, e isto por duas razões. Em primeiro lugar a psicanálise liberta do passado . Transportando isto em termos de cultura, podemos dizer que a psicanálise liberta da tradição, da história. Em segundo lugar, a perspectiva de Freud é a da subjetividade; ao contrário, porem do que acontece na psicologia clássica, a raiz dessa nova subjetividade á impessoal: o inconsciente foge à alçada daquilo que se considerava ser a pessoa, e a subjetividade torna-se mais anônima.

Se devêssemos escolher uma palavra para definir o expressionismo esta palavra seria o grito. Pois o expressionismo e o grito que brota de uma solidão radical, o grito de um homem identificado ao grito. Grita-se porque só resta o grito, expressão de um sem-sentido radical. Por isso é frequente encontramos personagens destituídas de identidade; ou bem a identidade se fragmenta, chegando a plurificar-se em diversas personagens, ou então é negada transformando a personagem em uma espécie de marionete.

A tendência socializante do expressionismo ia tornando-se sempre mais forte suscitando, sempre com mais força, a intervenção da censura. Quando a Alemanha, capitula ao Estado policial em 1933 o expressionismo passa a ser julgado "Arte degenerada" e formalmente proibido de se expressar.


Algumas datas importantes

1905 Fundação do Die Brücke início do movimento Expressionista nas artes
plásticas
1908 O expressionismo revela-se na música
1910 Primeira apresentação teatral de uma peça expressionista
Manifesto Futurista, Primeira pintura abstrata
1911 Início da poesia expressionista com Der ewige Tag
1912 Primeiro clímax do expressionismo literário
O partido Social-democrata é maioria no parlamento em Berlim
1914 Inicia a primeira guerra mundial
1917 Entrada dos Estados Unidos na guerra. Revolução Russa
1918 Fim da Guerra
1919 Nasce o fascismo na Itália, Fundação da Bauhaus
1923 Golpe de Hitler em Munique, Fim do movimento Dadaista
1925 Manifesto Surrealista
1933 O expressionismo é considerado "Arte degenerada" e banido da

Alemanha.


Bibliografia

HEYM, George. Teatro e Política. Rio de Janeiro, Paz e terra, 1983 [pp. 1-31]

MAGALDI, Sábado. "Introdução". In Nelson Rodrigues - Teatro Completo
Vol. 2: Peças Míticas. Rio de Janeiro, Nova fronteira, 1981 [pp. 13-48]

BORNHEIM, Gerd. "Duas características do expressionismo". In O sentido e
a máscara. São Paulo, Perspectiva, 1975. 123p. [pp. 63 - 68]

ROSENFELD, Anatol. "O palco como espaço interno". In: O teatro épico 3ª
ed. São Paulo, Perspectiva, 1997. 176p [pp. 99-106]

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